sexta-feira, 1 de novembro de 2013

SOBRE A COPA DO MUNDO DE 2014

Muito já se falou sobre a Copa do Mundo a ser realizada no Brasil no próximo ano. Durante a Copa das Confederações, aqui realizada neste ano, já se fizeram sentir protestos contra a FIFA, com a promessa de se intensificarem em 2014. Nada contra as manifestações pacíficas. No entanto, esqueceram-se os manifestantes que tanto a Copa das Confederações quanto a Copa do Mundo só tiveram o Brasil definido como sede pelo empenho do ex-presidente Lula. Esquece ram-se que o Congresso Nacional, majoritariamente governista, aprovou tudo quanto a presidência da República propôs para realizar a Copa do Mundo. Esqueceram-se que, para o evento, o Brasil abriu mão da expressão maior da independência de um estado, a sua soberania. Esqueceram-se que, pela Lei da Copa gestada pela presidente Dilma, a Copa do Mundo é da FIFA. Logo, o alvo está errado.
A FIFA ofereceu a Copa do Mundo ao Brasil. As autoridades brasileiras se atiraram à oferta, como diria o cantor/compositor Gaúcho da Fronteira, “que nem burro no azevém”. Por outro lado, na época, poucos foram os órgãos da imprensa nacional que se posicionaram contra a oferta. E as autoridades que tinham o dever de dizer não, não só disseram sim como se submeteram às exigências de Josef Blatter.
A propósito, algumas autoridades prezam o interesse público enquanto outras dão vazão ao seu ego. João Havelange, quando presidente da FIFA (presidiu a entidade por mais de 20 anos), ofereceu a Copa do Mundo ao Brasil. João Baptista Figueiredo, na época presidente (período de exceção) – respondeu, indagando: Você conhece uma favela do RJ? Você já viu a seca do Nordeste? Você acha que eu vou gastar dinheiro com estádios de futebol?
É claro que os democratas de plantão se apressarão em desqualificar o general. Eu, porém, que procuro separar o joio do trigo, independente dos atores em cena (sujeito, é claro, a críticas), lamento que ao Lula tenha faltado humildade para dizer à FIFA que as prioridades brasileiras eram a educação, a saúde, a segurança, o saneamento básico.
Mas, não bastasse a equivocada decisão brasileira sobre a Copa do Mundo, é preciso lembrar que a FIFA exigiu do Brasil a construção de oito arenas para os jogos de 2014. O governo brasileiro, no entanto, tomado de soberba, decidiu construir 12 arenas - quatro a mais. Com que dinheiro? Basicamente com dinheiro do BNDES a juros subsidiados pelo Tesouro Nacional. Com isso, passada a Copa, teremos elefantes brancos espalhados por cidades que nem futebol têm. A m egalomania prevaleceu.
Por outro lado, nem todas as despesas com a próxima Copa do Mundo foram reveladas. Àquelas com as construções de estádios, aeroportos, mobilidade urbana etc, outras devem ser agregadas. Recentemente, segundo a Secretaria Extraordinária da Segurança para Grandes Eventos (montada para a Copa), ligada ao Ministério da Justiça (em cada Estado que sediará jogos, idêntica estrutura será montada), o Brasil gastará, só com segurança, R$ 1.600.000,00. Para isso, serão instalados dois Centros de Controle de Eventos, um em Brasília e o outro no Rio de Janeiro, e 12 Centros Regionais, um para cada cidade que receberá jogos. Ah, nesse custo não estão computadas diárias, viagens, hospedagens etc.  
Não ignoro que as cidades que sediarão jogos da Copa receberão investimentos que, em situação normal, não seriam feitos. Logo, restarão resíduos. Daí o empenho dos seus prefeitos. Também não ignoro que receitas novas serão geradas pelas delegações participantes da competição e por turistas (hotéis, lojas, restaurantes, bebidas, táxis, boates, mulheres de programa etc). No entanto, a conta da Copa, superfaturada, será paga por todos os brasileiros. Logo, pergunta-se: a quem interessa a Copa? a) ao ego do Lula e da Dilma e assessores; b) às empreiteiras; c) a alguns setores pontuais da economia.
Encerrado a Copa do Mundo, o balanço mostrará: a) de um lado, o lucro da FIFA; b) do outro, a conta paga ou a pagar pelos brasileiros.

Um comentário:

  1. Seu Aquiles,
    Acesso o blogue...
    Sempre que posso.
    E fico feliz a ler seus textos...
    Sempre sem exceção.
    Porém, nunca me manifesto.
    Explico o porquê: falta de coragem.
    Embora já tenha tratado com figuras de destaque nestes anos que me interesso por Direito e por temas com reflexo social, nenhuma provoca tamanha insegurança às minhas palavras.
    Não que o senhor seja de temperamento difícil.
    Muito pelo contrário.
    Nas vezes em que estive em sua companhia me senti muito à vontade.
    O meu tremor se deve à sombra que o senhor projeta sobre mim com o que escreve.
    Sempre achei que deveria lhe agradecer pelo estímulo intelectual que o senhor me desperta.
    Não que o senhor precise de meus agradecimentos.
    Certamente eles nunca lhe hão de faltar de leitores muito mais importantes do que eu.
    Mas li textos que me motivaram a traçar o caminho que sigo hoje, em especial um que retratava suas experiências quando, em início de carreira, atuou na área criminal.
    Por isso, me limito a usar este espaço para humildemente lhe agradecer e dizer que por conta de suas manifestações aqui no blogue lembro sempre do senhor e da dona Lenir.
    Um abraço forte.
    Nicolás Sierra.

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