quarta-feira, 25 de março de 2015

26º MUSICANTO

Na semana passada, Santa Rosa viveu mais uma edição do Musicanto Sul-Americano de Nativismo, o 26º, desta feita sob a presidência de Cláudio Joner. O evento se desenvolveu com uma nova formatação, a qual, em síntese, privilegiou a MOSTRA em detrimento da COMPETIÇÃO de músicas inéditas. Enfim, o Coelho colocou em prática um projeto que há anos alimentava. Digo isso porque, em passado não muito distante, foi meu colaborador, e dos bons, no Musicanto, quando, inspirado em festivais da Argentina, por mais de uma vez tentou dar outro rumo ao nosso festival nativista. Tal proposta, na época não encontrou eco. A respeito, o que pensava e ainda penso direi adiante.
Antes, porém, lembro que minha relação com o Musicanto vem desde sua concepção. Uma vez criado (1983), o presidi por quatro vezes em duas épocas diferentes: a 1ª, nas 3ª e 5ª edições; a 2ª, nas 21ª e 23ª edições. Na 2ª fase, por causas alheias à vontade dos que o realizaram até então, o festival agonizava. Por isso, ao aceitar o desafio de presidi-lo novamente, entendi que o Musicanto precisava de uma chacoalhada, e assim foi feito, sendo as principais inovações: (1ª) a transformação em OSCIP - Organização da Sociedade Civil de Interesse Público; (2ª) a transferência temporária para o Parque de Exposições; (3ª) a reedição da ‘Barraca Musicanto’; (4ª) a inserção do Festival Universitário na sua programação; (5ª) a promoção de eventos paralelos, entre eles, a presença do cacique Raoni, à última hora cancelada por um surto de dengue na sua Aldeia, em Colíder/MT.
Outrossim, lembro que os ingressos vendidos no Centro Cívico nos últimos Musicantos anteriores à transferência, não passaram de 600. No Parque, dobraram. E no retorno ao CC (24º e 25º), caíram para 350. Como o evento sempre viveu a síndrome do cobertor curto, era uma receita importante. A propósito, preocupado com a falta de recursos de sempre, quando o prefeito Orlando discutia o novo contrato com a Corsan, na condição de presidente da OSCIP sugeri a inclusão de cláusula que obrigasse a estatal a destinar R$ 50.000,00 a cada ano, corrigidos pelo IGP-M, ao Musicanto. Aceita, asugestão gerou o Inc. XXIX da Cláusula 22ª, obrigando a Corsan a: “investir, na qualidade de patrocinadora ou apoiadora de eventos oficiais do MUNICÍPIO, ... devendo os eventos ser revestidos de caráter educativo, ambiental, informativo ou de orientação social”. Como se vê, no texto final não constou Musicanto como destinatário (proposta inicial), mas não o excluiu.
Quantificando essa cláusula, a qual, modéstia à parte, não existiria sem a intervenção da OSCIP MUSICANTO, tem-se: valor anual, atualizado, R$ 66.255,00. Multiplicado por 25 anos de contrato, o Município tem assegurado junto à Corsan, para eventos, R$ 1.656.375,00.
Dito isso, volto ao ponto. Na 2º fase que referi, o Cláudio defendia a proposta que agora implantou: mostra, oficina, debate etc. No entanto, s. m. j., mesmo exitosa, a programação recém finda contempla promoções complementares, haja vista que essencial é o concurso de músicas inéditas. Em suma, o Musicanto nasceu para revelar talentos; estimular a criação de canções nativistas; integrar, através da música, os povos sul-americanos. Logo, o modelo 2014, como promoção complementar, aprovo; como promoção definitiva, não. Todavia, uma proposta não exclui a outra. Ao contrário, entendo que elas se complementam.
Lembro, ainda, que o MUSICANTO VAI À ESCOLA, promoção sem voz dissonante na comunidade, institucionalizado pelo próprio Joner quando diretor municipal de Cultura, objetiva oportunizar a alunos interpretação e dança ao som de canções pretéritas do festival. Ora, sem novas músicas, secará a fonte que irriga o exitoso evento complementar.

O formato 2014 deu novo alento ao Musicanto. No entanto, não pode ser o protagonista. O protagonismo do festival, alçado à condição de cláusula pétrea, é o concurso de músicas inéditas.Então, a partir dessa premissa, sugiro manter as promoções do 26º Musicanto, ampliando-as, inclusive (Barraca Musicanto, convite ao cacique Raoni etc). Já as músicas inéditas, 15 previamente selecionadas e gravadas, seriam exibidas em uma única noite, como show e para premiação, com o CD à venda na ocasião. Enfim, o Musicanto não é um projeto pronto, acabado. Logo, preservado seu DNA (competição de músicas inéditas, abrangência sul-amaricana, sem barreiras), pode, e deve, experimentar novas fórmulas.

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