Na semana passada, Santa
Rosa viveu mais uma edição do Musicanto Sul-Americano de Nativismo, o 26º,
desta feita sob a presidência de Cláudio Joner. O evento se desenvolveu com uma
nova formatação, a qual, em síntese, privilegiou a MOSTRA em detrimento da
COMPETIÇÃO de músicas inéditas. Enfim, o Coelho colocou em prática um projeto
que há anos alimentava. Digo isso porque, em passado não muito distante, foi
meu colaborador, e dos bons, no Musicanto, quando, inspirado em festivais da
Argentina, por mais de uma vez tentou dar outro rumo ao nosso festival
nativista. Tal proposta, na época não encontrou eco. A respeito, o que pensava
e ainda penso direi adiante.
Antes, porém, lembro que
minha relação com o Musicanto vem desde sua concepção. Uma vez criado (1983), o
presidi por quatro vezes em duas épocas diferentes: a 1ª, nas 3ª e 5ª edições;
a 2ª, nas 21ª e 23ª edições. Na 2ª fase, por causas alheias à vontade dos que o
realizaram até então, o festival agonizava. Por isso, ao aceitar o desafio de
presidi-lo novamente, entendi que o Musicanto precisava de uma chacoalhada, e
assim foi feito, sendo as principais inovações: (1ª) a transformação em OSCIP -
Organização da Sociedade Civil de Interesse Público; (2ª) a transferência
temporária para o Parque de Exposições; (3ª) a reedição da ‘Barraca Musicanto’;
(4ª) a inserção do Festival Universitário na sua programação; (5ª) a promoção
de eventos paralelos, entre eles, a presença do cacique Raoni, à última hora
cancelada por um surto de dengue na sua Aldeia, em Colíder/MT.
Outrossim, lembro que os
ingressos vendidos no Centro Cívico nos últimos Musicantos anteriores à
transferência, não passaram de 600. No Parque, dobraram. E no retorno ao CC
(24º e 25º), caíram para 350. Como o evento sempre viveu a síndrome do cobertor
curto, era uma receita importante. A propósito, preocupado com a falta de
recursos de sempre, quando o prefeito Orlando discutia o novo contrato com a
Corsan, na condição de presidente da OSCIP sugeri a inclusão de cláusula que
obrigasse a estatal a destinar R$ 50.000,00 a cada ano, corrigidos pelo IGP-M,
ao Musicanto. Aceita, asugestão gerou o Inc. XXIX da Cláusula 22ª, obrigando a
Corsan a: “investir, na qualidade de patrocinadora ou apoiadora de eventos
oficiais do MUNICÍPIO, ... devendo os eventos ser revestidos de caráter
educativo, ambiental, informativo ou de orientação social”. Como se vê, no
texto final não constou Musicanto como destinatário (proposta inicial), mas não
o excluiu.
Quantificando essa
cláusula, a qual, modéstia à parte, não existiria sem a intervenção da OSCIP
MUSICANTO, tem-se: valor anual, atualizado, R$ 66.255,00. Multiplicado por 25
anos de contrato, o Município tem assegurado junto à Corsan, para eventos, R$
1.656.375,00.
Dito isso, volto ao ponto.
Na 2º fase que referi, o Cláudio defendia a proposta que agora implantou:
mostra, oficina, debate etc. No entanto, s. m. j., mesmo exitosa, a programação
recém finda contempla promoções complementares, haja vista que essencial é o
concurso de músicas inéditas. Em suma, o Musicanto nasceu para revelar
talentos; estimular a criação de canções nativistas; integrar, através da
música, os povos sul-americanos. Logo, o modelo 2014, como promoção
complementar, aprovo; como promoção definitiva, não. Todavia, uma proposta não
exclui a outra. Ao contrário, entendo que elas se complementam.
Lembro, ainda, que o
MUSICANTO VAI À ESCOLA, promoção sem voz dissonante na comunidade,
institucionalizado pelo próprio Joner quando diretor municipal de Cultura,
objetiva oportunizar a alunos interpretação e dança ao som de canções
pretéritas do festival. Ora, sem novas músicas, secará a fonte que irriga o
exitoso evento complementar.
O formato 2014 deu novo
alento ao Musicanto. No entanto, não pode ser o protagonista. O protagonismo do
festival, alçado à condição de cláusula pétrea, é o concurso de músicas
inéditas.Então, a partir dessa premissa, sugiro manter as promoções do 26º
Musicanto, ampliando-as, inclusive (Barraca Musicanto, convite ao cacique Raoni
etc). Já as músicas inéditas, 15 previamente selecionadas e gravadas, seriam
exibidas em uma única noite, como show e para premiação, com o CD à venda na
ocasião. Enfim, o Musicanto não é um projeto pronto, acabado. Logo, preservado
seu DNA (competição de músicas inéditas, abrangência sul-amaricana, sem
barreiras), pode, e deve, experimentar novas fórmulas.
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