quarta-feira, 25 de março de 2015

A “BATATA ESTÁ ASSANDO”

A “batata está assando” é um ditado antigo. Tem a ver com o risco. É o quadro vivido atualmente por Dilma Rousseff. Os brasileiros, exceto ínfimo percentual, mais do que desaprovam, condenam a administração central. Não sem razão. Colhe o que plantou. Só para ilustrar, no 1º mês do seu 2º mandato, a presidente jogou no lixo promessas eleitorais, quando, também, se desnudou o maior escândalo da história brasileira: o Petrolão. Por esses e outros indicadores, a paciência se esgotou. Mas, é claro, ainda há quem acredite no governo. Alguns, inclusive, acham que é armação contra o PT. Daí os protestos recentes, um a favor, outro contra o governo: o 1º (sexta-feira,13), promovido pela CUT, MST e UNE; o 2º (domingo,15), pelas redes sociais. O 1º foi pífio; o 2ª foi retumbante, mesmo sem passagens e sanduíche.

O protesto chapa branca (o 1º) fracassou. Isso mostra que os dias de glória de MST, CUT e UNE se exauriram. É que os dois primeiros tornaram-se longa manus do PT; o terceiro, do PCdoB. A verdade é uma só: os três estão domesticados pelo governo. Só a ONG Agência de Desenvolvimento Social, ligada à CUT, nos primeiros cinco anos do Lula, recebeu do Tesouro Nacional (dinheiro nosso, portanto) R$ 12.600.000.000,00. Já o MST, também grato às “bondades” dos governos Lula/Dilma, faz de conta que contesta a lentidão dos assentamentos e que condena a corrupção. Faço, porém, uma ressalva: endosso o combate do MST - bandeira secundária - aos agrotóxicos. Hoje, com a cumplicidade do governo, ingerimos veneno como nunca antes.

Algumas bandeiras dos dois protestos são convergentes: contra a corrupção e a defesa da Petrobras. No entanto, são convergências enganosas, limitadas às aparências. Ora, CUT, MST e UNE combatem a corrupção mas apoiam um governo comprovadamente corrupto; defendem a Petrobras como se o inimigo da estatal estivesse na oposição. Isso é incoerência. No fundo, o 1º protesto foi em favor da Dilma. O 2º, contra. Logo, não há semelhanças.

Por outro lado, foram desastrosas as entrevistas de José Eduardo Cardozo e Miguel Rossetto, após o protesto. Sem humildade e fora de tom. Quem, por alguma razão, não os conhecia, deve ter imaginado que eram ministros da Suíça ou do Canadá, não do Brasil. Em apertada síntese, para eles protestaram domingo aqueles que não votaram na Dilma no ano passado. Importa, pois, dizer que o governo não ouviu a voz das ruas.

Na segunda-feira a presidente assumiu a própria defesa. Enalteceu os protestos como fruto da democracia que ela teria ajudado a construir. A presidente, outra vez, faltou com a verdade. Dilma nunca lutou pela democracia. Lutou pela derrubada da ditadura militar para, em seu lugar, implantar a ditadura comunista sintonizada com Cuba etc. Depois disse que a corrupção é uma “senhora idosa”. Quanto à idade, sim. Quanto às práticas, não. Faltou dizer que sempre existiu, porém, que foi institucionalizada a partir do governo Lula. Essa é a abissal diferença entre antes e depois do PT no poder.


Acuada, Dilma preparou um pacote anticorrupção. Não vai resolver. Sua única saída está em fazer a mea-culpa. Mas, para tanto, não poderá dizer que não sabia dos escândalos. Mea-culpa é grandeza. Grandeza é reconhecer o erro sem transferi-lo ou justificá-lo com os erros dos outros. Grandeza sem gesto concreto é falácia. A propósito, Voltaire, filósofo francês, sentenciou: “Os homens erram, os grandes homens confessam que erram.”

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