Depois do Mensalão, o Petrolão.
Depois do Petrolão, não sei qual, mas outro escândalo é só uma questão de
tempo. Nesse mar de lama em que está o governo - com culpa, quando não, com má-fé
de autoridades - a corrupção se tornou sistêmica. O roubo se tornou comum. Está
banalizado. O PT, que se preparou para ser oposição, de repente se viu no
poder. No poder, foi ao pote com sede incomparável. Mesmo assim, o partido
tenta negar o óbvio ou se justificar com “os outros fizeram o mesmo”.
As grandes roubalheiras começam com
pequenos delitos. A supressão das liberdades, também. Rouba-se um pouco hoje,
mais amanhã. Tira-se um direito hoje, outro amanhã. Nas duas situações, é
preocupante a passividade das pessoas do bem. Por isso, o verso de Eduardo
Alves Costa (No Caminho, com Maiakóvski) vale ser lembrado: “Na primeira noite
eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim. E não dizem nada // Na
segunda noite, já não se escondem: pisam as flores, matam nosso cão, e não
dizemos nada // Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa
casa, rouba-nos a luz, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.”
TORCIDA MISTA
Torcedores de Grêmio e Internacional,
juntos no Gre-Nal 404, foi o destaque positivo do domingo último. Mais do que
civilidade, um gesto simbólico para esses tempos de conflitos. Enfim, o futebol
gaúcho deu um passo gigantesco para premiar a confraternização e repudiar a
malquerença.
Mas nem só de flores foi o clássico.
Fora do estádio, torcidas organizadas se enfrentaram. É que, para marginais,
esporte é guerra. E vai continuar. Com o desarmamento deu-se o mesmo. As
autoridades se orgulham da quantidade de armas arrecadadas. Ocultam, porém, que
só as pessoas de bem delas se livraram. Em consequência, os bandidos só
ganharam. Daí o meu ceticismo.
A DEFESA DA PETROBRAS
Ao que se divulgou, o PT está
empenhado em defender a Petrobras contra a privatização. Mas aí é que a
privatização ganha força. Ser defendida por quem não tem moral, o efeito é
contrário. Se a intenção fosse sincera, melhor faria defendendo a privatização.
A propósito, a lição de Ruy Barbosa: “Há por quem, vitupério é elogio.”
Outro equívoco: a Petrobras, de fato,
no governo Lula/Dilma, foi privatizada: a estatal pertence ao consórcio
liderado pelo PT.
MUJICA É O CARA
José Mujica, ex-Tupamaro, encerrou
seu mandato tão pobre quanto antes de assumir a presidência do Uruguai. Seu
legado: 1) o discurso na ONU em defesa do meio ambiente; 2) a liberação da
maconha como contraponto ao fracasso das políticas repressivas; 3) o espírito
público, que tanto falta a políticos brasileiros; 4) a humildade - nada de
seguranças, de aviões prá lá e prá cá, inclusive para familiares e amigos às
custas dos contribuintes.
A COBRA ESTÁ FUMANDO
A cassação
da Dilma, até bem pouco, não passava de remota hipótese. Não que faltem
motivos. Agora, no entanto, com o povo indignado nas ruas o grau de risco da
presidente aumentou. Por desgoverno, não se cassa presidente eleito. É ônus
eleitoral. Já, por corrupção, sim. Logo, a “cobra está fumando” (Lema da FEB,
2ª Guerra Mundial).
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