quarta-feira, 25 de março de 2015

NUVENS NEGRAS

O Brasil tem terras férteis abundantes, a maior reserva de água doce do mundo, luminosidade, clima propício e povo trabalhador. Quer dizer, tem tudo para ser uma potência. Só que os governos desprezam nossas dádivas. No começo deste milênio, o País experimentou razoável desenvolvimento, mas o presidente Lula, ao invés de investir em setores vitais, jogou dinheiro público no ralo, inchou o Estado, perdoou dívidas de países  governados por seus semelhantes ideológicos. Fugaz, o ciclo de ouro cedeu lugar ao deficit público, a aumentos generalizados, a incertezas e à volta da inflação.
No plano ético, pior ainda. No horizonte só se vê nuvens negras. Terminou o Mensalão, começou o Petrolão. Depois do Petrolão surgirá outro ... O governo central, em 2014, gastou R$ 20,5 bilhões a mais do que arrecadou. É que gastanças, mesmo irresponsáveis, dão votos. Empreiteiras de obras públicas, também. Mas as eleições passaram e a bomba ficou no colo de quem acendeu seu estopim. Então, para não incorrer em crime, a presidente Dilma mudou a Lei de Responsabilidade Fiscal. Quer dizer, voltou a andar para traz.
No RS, os destaques são: 1) a oceânica dívida pública, deixada pelo Tarso, e a crise do leite, obra de pessoas inescrupulosas que desprezam a saúde alheia em nome do lucro fácil. Alguns desses criminosos estão presos, só que o leite gaúcho, dada a péssima imagem que a falcatrua deixou, está sobrando, para desespero da cadeia produtiva.
O futuro do Brasil é nebuloso. Agora, chegou a vez da água e, da sua escassez, o comprometimento da geração de energia, já que a matriz é hídrica, e a produção de alimentos. Por ironia, estamos ameaçados de morrer de sede, não por culpa de S. Pedro.
O Brasil tem 12% da água superficial do Planeta, 80% na Amazônia. Mas a destruição do pulmão verde do Continente conduz à desertificação. Urge que o governo deixe de contemplar a tragédia anunciada. Fiscalize. Traga para a sua trincheira os demais países que a compõem: Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia, Equador, Suriname, Guiana e Guiana Francesa, bem como os beneficiários, ainda que indiretos, do ecossistema.
A natureza é sábia, mas não é infinita; os seus recursos naturais dependem uns dos outros. Os rios precisam de mata ciliar; as nascentes, de vegetação. Ora, as águas estão poluídas; os alimentos, envenenados. O efeito estufa é uma realidade. Não sou contra o agronegócio, até porque ele foi a ‘salvação da lavoura’ nos últimos anos. É a nossa galinha dos ovos de ouro. No entanto, não se pode produzir a qualquer preço. Para o setor, duas coisas, apenas, em sentidos opostos, se sobressaíram nos últimos anos: de um lado, o plantio direto, que melhora a terra e evita a erosão e o assoreamento dos rios, e o incentivo, mesmo tímido, à irrigação - para o bem do meio ambiente; de outro, o Roundup, nocivo à saúde, e os transgênicos, de efeitos duvidosos - para o bem da Monsanto.

A escassez de água no Sudeste põe em alerta o País, porquanto está comprovado que a falta de chuva em SP tem a ver com o desmatamento da Amazônia. É que o corte das árvores da floresta significa o corte invisível dos “rios voadores”. E sem essas correntes que carregam umidade, nuvens de chuva cedem lugar a nuvens negras, letais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário