Elio Gaspari, escritor, autor do
livro A Ditadura Envergonhada, criou o personagem “EREMILDO, o Idiota”.
Constato que os Eremildos brasileiros são muitos, inclusive eu. É que eu e
milhares outros - ingênuos, crédulos, é claro - acreditávamos que o maior
escândalo de corrupção política da história brasileira tinha sido o MENSALÃO do
PT. Pois nos enganamos redondamente. Somos, portanto, um exército de idiotas. O
Mensalão, diante do Petrolão, está desmoralizado. Se ainda não tivesse sido
julgado pelo Supremo Tribunal Federal deveria ser deslocado para o Foro competente,
o Juizado das Pequenas Causas, tão desmoralizado ficou.
No penúltimo escândalo que veio a
público, as cifras de valores desviados dos cofres públicos giraram em torno de
milhões de reais enquanto que o atual escândalo já ingressou no campo dos bilhões
de reais, roubados da estatal no criminoso esquema para contemplar o PT, fatia
maior, o PMDB e o PP, fatias menores.
Pelo que a operação Lava-Jato, a
cargo da Polícia Federal, já apurou, o governo federal já em 2009 fora
alertado, oficialmente, pelo TCU e por servidor da Petrobras da corrupção que
campeava na estatal. Na época, a presidente Dilma era, além de ministra de
Estado, presidente do Conselho de Administração da Petrobras, e o Lula, o
presidente da República.
Paulo Roberto Costa, ex-diretor de
Abastecimento da Petrobras durante o governo Lula e parte do governo Dilma,
preso na operação Lava-Jato, em delação premiada entregou muita gente e, ainda
nesta semana, na CPI mista do Congresso Nacional, confirmou a incriminação a
autoridades da República e a dezenas de políticos de vários partidos. Mas não
só. Disse, ainda, que a corrupção está em todo o país: rodovias, ferrovias,
portos, aeroportos. Quer dizer, em tudo quanto o governo federal está
construindo.
Mas o governo federal nada sabia
antes e nada sabe agora. No Mensalão, Lula disse tratar-se de caixa 2. No
Petrolão, Dilma diz que ninguém será poupado. Será? Como eu gostaria de
acreditar tanto no ex-presidente como na atual, mas, com os anos de vida que já
passei, não tenho sequer o direito de ser ingênuo, muito menos acreditar. Faça
você, comigo, o seguinte raciocínio: se alguém furtar de sua casa uma cueca ou
uma calcinha, a atenta dona da casa em seguida perceberá. Se alguém furtar da
sua loja de confecções algumas calças ou camisas, o(a) atento(a) gerente logo
perceberá. Se alguém furtar da sua indústria uma ferramenta qualquer, o(a)
atento(a) gerente logo perceberá. Agora, se o desvio é no serviço público,
mesmo sendo de bilhões, ninguém, mesmo alertado, percebe. Você acredita?
Nesta coluna, muito antes da operação
Lava-Jato prender corruptos do governo e de empreiteiras, eu dizia que a
Petrobras era uma Caixa Preta. Dizia que, se fosse aberta, dela sairiam cobras
e lagartos. Pois, felizmente, está sendo aberta, para desespero do governo, de
empresários e de políticos dos mais variados matizes. Agora, ninguém precisa
esperar por gesto de grandeza do Lula ou da Dilma. Para estes, os brasileiros
são todos Eremildos.
Graças à Polícia Federal e ao juiz
Sérgio Moro, a operação Lava-Jato avança. Na condução do processo, o magistrado
federal do Paraná tem se revelado perspicaz. Sua primeira providência, embora
publicamente a negue, foi, na apuração dos fatos, não incluir autoridades com
foro privilegiado. Por isso, deputados federais, senadores e ministros, que
seriam submetidos a julgamento pelo STF, estão sendo deixados de lado por ora.
Mas que estão perdendo o sono, estão. Os empresários, atualmente vendo o sol
nascer quadrado, estão berrando. Mas que ninguém se surpreenda se, a qualquer
momento, os submissos ministros da Corte Suprema venham a anular o meritório
trabalho do juiz referido, até aqui contra tudo e contra todos levado adiante,
sob o fundamento de que, por conexão, a apuração não pode ser cindida, nem
feita por vara ou tribunal abaixo do STF.
Seria outro escândalo.
No entanto, num tribunal composto por figuras como Tófoli, Lewandowski e
Barroso, tudo é possível. No Mensalão, mesmo contra provas irretorquíveis,
absolveram eou amenizaram as penas de José Dirceu e outros.Seria outro escândalo.
No entanto, num tribunal composto por figuras como Tófoli, Lewandowski e
Barroso, tudo é possível. No Mensalão, mesmo contra provas irretorquíveis,
absolveram eou amenizaram as penas de José Dirceu e outros.
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