quarta-feira, 25 de março de 2015

O PETROLÃO

Elio Gaspari, escritor, autor do livro A Ditadura Envergonhada, criou o personagem “EREMILDO, o Idiota”. Constato que os Eremildos brasileiros são muitos, inclusive eu. É que eu e milhares outros - ingênuos, crédulos, é claro - acreditávamos que o maior escândalo de corrupção política da história brasileira tinha sido o MENSALÃO do PT. Pois nos enganamos redondamente. Somos, portanto, um exército de idiotas. O Mensalão, diante do Petrolão, está desmoralizado. Se ainda não tivesse sido julgado pelo Supremo Tribunal Federal deveria ser deslocado para o Foro competente, o Juizado das Pequenas Causas, tão desmoralizado ficou.
No penúltimo escândalo que veio a público, as cifras de valores desviados dos cofres públicos giraram em torno de milhões de reais enquanto que o atual escândalo já ingressou no campo dos bilhões de reais, roubados da estatal no criminoso esquema para contemplar o PT, fatia maior, o PMDB e o PP, fatias menores.
Pelo que a operação Lava-Jato, a cargo da Polícia Federal, já apurou, o governo federal já em 2009 fora alertado, oficialmente, pelo TCU e por servidor da Petrobras da corrupção que campeava na estatal. Na época, a presidente Dilma era, além de ministra de Estado, presidente do Conselho de Administração da Petrobras, e o Lula, o presidente da República.
Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras durante o governo Lula e parte do governo Dilma, preso na operação Lava-Jato, em delação premiada entregou muita gente e, ainda nesta semana, na CPI mista do Congresso Nacional, confirmou a incriminação a autoridades da República e a dezenas de políticos de vários partidos. Mas não só. Disse, ainda, que a corrupção está em todo o país: rodovias, ferrovias, portos, aeroportos. Quer dizer, em tudo quanto o governo federal está construindo.
Mas o governo federal nada sabia antes e nada sabe agora. No Mensalão, Lula disse tratar-se de caixa 2. No Petrolão, Dilma diz que ninguém será poupado. Será? Como eu gostaria de acreditar tanto no ex-presidente como na atual, mas, com os anos de vida que já passei, não tenho sequer o direito de ser ingênuo, muito menos acreditar. Faça você, comigo, o seguinte raciocínio: se alguém furtar de sua casa uma cueca ou uma calcinha, a atenta dona da casa em seguida perceberá. Se alguém furtar da sua loja de confecções algumas calças ou camisas, o(a) atento(a) gerente logo perceberá. Se alguém furtar da sua indústria uma ferramenta qualquer, o(a) atento(a) gerente logo perceberá. Agora, se o desvio é no serviço público, mesmo sendo de bilhões, ninguém, mesmo alertado, percebe. Você acredita?
Nesta coluna, muito antes da operação Lava-Jato prender corruptos do governo e de empreiteiras, eu dizia que a Petrobras era uma Caixa Preta. Dizia que, se fosse aberta, dela sairiam cobras e lagartos. Pois, felizmente, está sendo aberta, para desespero do governo, de empresários e de políticos dos mais variados matizes. Agora, ninguém precisa esperar por gesto de grandeza do Lula ou da Dilma. Para estes, os brasileiros são todos Eremildos.
Graças à Polícia Federal e ao juiz Sérgio Moro, a operação Lava-Jato avança. Na condução do processo, o magistrado federal do Paraná tem se revelado perspicaz. Sua primeira providência, embora publicamente a negue, foi, na apuração dos fatos, não incluir autoridades com foro privilegiado. Por isso, deputados federais, senadores e ministros, que seriam submetidos a julgamento pelo STF, estão sendo deixados de lado por ora. Mas que estão perdendo o sono, estão. Os empresários, atualmente vendo o sol nascer quadrado, estão berrando. Mas que ninguém se surpreenda se, a qualquer momento, os submissos ministros da Corte Suprema venham a anular o meritório trabalho do juiz referido, até aqui contra tudo e contra todos levado adiante, sob o fundamento de que, por conexão, a apuração não pode ser cindida, nem feita por vara ou tribunal abaixo do STF.
Seria outro escândalo. No entanto, num tribunal composto por figuras como Tófoli, Lewandowski e Barroso, tudo é possível. No Mensalão, mesmo contra provas irretorquíveis, absolveram eou amenizaram as penas de José Dirceu e outros.Seria outro escândalo. No entanto, num tribunal composto por figuras como Tófoli, Lewandowski e Barroso, tudo é possível. No Mensalão, mesmo contra provas irretorquíveis, absolveram eou amenizaram as penas de José Dirceu e outros.

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