terça-feira, 12 de janeiro de 2016

ADOTANDO O LIBERALISMO

Com o objetivo de conter a crise que imobiliza a administração central do Brasil, a presidente Dilma Rousseff, na semana passada, lançou uma agenda positiva. Em verdade, receitas de marqueteiros. Algumas já apresentadas em outras ocasiões, sem que tivessem saído do papel. Em 2012 foi o primeiro programa de logística, no valor de R$ 133 bilhões. Ficou, porém, no plano das boas intenções. Agora são R$ 198 bilhões, grande parte a ser aplicada até 2018. Quer dizer, após o término do mandato atual. São, em suma, ideias sem projetos que possam recuperar a década perdida. Ah, também está prevista a volta da CPMF. Outrossim, faz pouco, a presidente havia lançado o programa Brasil, Pátria Educadora. No entanto, em seguida, fez um corte profundo no orçamento do Ministério da Educação e implodiu os programas Fies e Ciência Sem Fronteiras.
No requentado plano de agora, de mais saliente, a rigor, apenas uma constatação que, até 12 anos passados, seria impensável: as privatizações. Ora, até bem pouco, para o petismo ensandecido, a causa das mazelas da Pátria eram as privatizações. É isso mesmo. Agora, numa guinada de 180 graus, aderiu ao liberalismo que combateu sem trégua.
Privatizações eram, pois, a personificação do mal. Logo, de duas, uma: ou as privatizações deixaram de ser demônios ou os demônios estão domesticados. Já, às denúncias de incoerência, o governo responde que não venderá patrimônio público; apenas o dará em concessão. No plano teórico, correto. Só que, o que está propondo agora para portos, aeroportos, rodovias, ferrovias etc, não passa de eufemismo de privatização.
Esclareço que não condeno as privatizações. Um país que não tem dinheiro para prover suas obrigações básicos, conceder estradas, por exemplo, à iniciativa privada é o que de melhor pode fazer. Com outros setores, também. Aliás, é o que já pregava, sem objeção, há mais de 50 anos, o empresário e escritor A. J. Renner em artigos no Correio do Povo. No entanto, com o surgimento do PT e, com ele, a reinvenção da roda, tudo quanto durante décadas fora maturado para o bem do Brasil, tornara-se odioso.
Mas é desconfortável explicar tamanha guinada ideológica. É claro que o governo o faz como gato a cabresto. Já, como estratégia, apela por mais tolerância sob o argumento da gravidade do momento. Antes dizia que se criara, contra o partido do poder, uma onda de ódio. Eu, pelo menos, que faço restrições ao governo atual com fundados motivos, não o faço por ódio, mas por amor à Pátria. Ocorre que não aprendi a beijar a mão de algoz.
É possível que muitos brasileiros tenham raiva do PT. Eu, não. Até já votei nele. Ademais, tenho que o ódio é um sentimento que embrutece a alma. No entanto, compreendo quem se posiciona nesse extremo - mesmo a ele não aderindo - quando o foco é a soberba de Lula e de seus defensores incondicionais.
Já em relação à tolerância, que o partido diz ter desaparecido, é preciso definir qual tolerância lhe estaria faltando, ou em que reside a intolerância. Se for à corrupção a partir da ascensão do PT ao poder - declaro-me intolerante. Se for à convocação do exército de Stélide, por Lula, para combater aqueles que criticam o governo - declaro-me intolerante.

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