terça-feira, 12 de janeiro de 2016

O BRASIL SE ISOLA

Sob a liderança de duas potências, Estados Unidos e Japão, formou-se um novo bloco econômico com capacidade para controlar 40% do PIB mundial. É o Acordo de Parceria Transpacífica (TPP) integrado por países banhados pelo Pacífico, mas, conforme o próprio nome, países banhados pelo Atlântico também poderiam fazer parte. Da América do Sul, apenas Chile e Peru. Os outros países do bloco, são: Brunei, Canadá, Cingapura, Malásia, México, Austrália, Nova Zelândia e Vietnã. O Brasil, mesmo com suas reconhecidas potencialidades econômicas, está fora porque optou pelo Mercado Comum do Sul, bloco este que, passados 28 anos de sua formação (Tratado de Assunção, 1991), não decolou.
Em verdade, o Mercosul é uma ficção. Nem nas coisas básicas avançou. Por exemplo, nas incursões à Argentina, ou ao Uruguai, ou ao Paraguai, os brasileiros ainda se submetem, nos portos, à mesma a uma burocracia do início do século passado. As aduanas ainda fazem o controle manual de entrada e saída das pessoas. Lá, a informatização ainda não chegou. E isso que, entre os objetivos do bloco, consta a livre circulação de pessoas.
Ocorre que a política externa do Brasil é míope. Lula, quando presidente, rejeitou a ALCA (Área de Livre Comércio das Américas) e incentivou o fortalecimento de um bloco com países identificados ideologicamente com o PT, voltado apenas para o Mercosul. Na época, negou-se a abrir acordos bilaterais para agradar aos seus colegas Chávez (Venezuela) e Kischner (Argentina). A ‘retribuição’ do país vizinho tem sido barreiras à entrada dos nossos produtos.
Hoje, 25% da nossa produção é exportada para os países que formaram o novo bloco. Logo, criou-se uma nova realidade internacional. Já o Brasil, por conta das amarras ao retrocesso continental, tende a encolher suas exportações. Um estudo da FGV mostra que o TPP, ao eliminar barreiras de importação entre seus membros, poderá derrubar as exportações brasileiras de açúcar, soja, carnes, já num primeiro momento, em 2,7%.
Para Rubens Barbosa, embaixador do Brasil em Londres e Washington entre 1994 e 2004, a partir do novo bloco, EUA, Austrália, Nova Zelândia e Vietnã competirão com produtos agrícolas brasileiros em condições mais vantajosas. Já com os manufaturados será difícil competir com Japão e EUA. Para Enrique Iglesias, ex-presidente do BID, o Mercosul ficará isolado. Em suma, carro pilotado na contramão provoca dano, a começar pelo seu condutor.
 Por outro lado, os principais objetivos do novo bloco, são: redução e eliminação de tarifas de importação; adoção de padrões trabalhistas e ambientais; combate à corrupção – em benefício dos países-membros. Bem, com essas exigências, se o Brasil se candidatasse ao bloco talvez viesse a ser reprovado.
O Brasil aceitou a submissão dos interesses comerciais do Mercosul à ideologia bolivariana. Resta-lhe agora negociar diretamente com os países da Europa, da América do Norte, da Asia etc, o que será difícil por serem membros de algum bloco forte. Tem razão o presidente da Câmara de Comércio Argentino-Brasileira de SP, A. J. Alzueta: na política externo, com Lula e Dilma o país contabiliza uma década perdida.

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