No
combate à corrupção, que serviço prestam à Pátria a Polícia Federal, o
Ministério Público Federal e a Justiça brasileiros! Antes, o ministro Joaquim
Barbosa, como relator do Mensalão perante o Supremo Tribunal Federal, baseado
na Teoria do Domínio do Fato, já tinha devolvido ao Brasil parte da esperança
perdida. Agora, a Operação Lava Jato, que vai além da Petrobras e já desvendou,
sem ainda ter chegado ao fim, novo escândalo ainda maior que o anterior,
revelou outro juiz capaz de aplacar a gula insaciável de poderosos: Sérgio
Moro. Ora, quem nunca ouviu falar que cadeia era para prostituta, preto e
pobre. Pois, na 21ª fase da Lava Jato (como fora no Mensalão), as prisões de
Delcídio do Amaral, senador, líder do governo, e André Esteves, o Midas dos banqueiros,
vão em sentido oposto.
O STF,
para decretar essas prisões, alcançando, mais uma vez, peixes graúdos,
alicerçou-se em provas arquitetadas pelo senador Delcídio, as quais, em
síntese, plasmavam um urdido plano de fuga para o ex-diretor da Petrobras, Nestor
Cerveró. O esquema criminoso proposto a Bernardo, filho de Nestor, consistia
nas seguintes fases: 1ª) obter habeas corpus para Nestor; 2ª) romper a
tornozeleira eletrônica que Nestor passaria a usar; 3ª) concretizar um ousado
plano de fuga para Nestor; 4ª) dar a Nestor uma ajudinha de R$ 50
mil/mês.
Tudo
isso tendo como contrapartida o silêncio de Nestor, eis que, preso na Lava
Jato, estava prestes a fazer delação premiada, a qual, segundo vazou,
respingará em honoráveis corruptos. A propósito, é sintomático que presos na
Operação, ligados ao PT (José Dirceu e João Vaccari), em nome da causa,
rejeitem a delação, mesmo sabendo que, sem ela, vão amargar anos de prisão. De
Nestor, muitos que estão com o rabo preso, esperavam o mesmo. Mas, como ele
resolveu falar, foi montado o plano gravado por Bernardo.
Abortado
o plano, Lula, o incurável falastrão, chamou Delcídio de idiota. Sobreleva
destacar, porém, que a indignação do ex-presidente da República não foi contra
o esquema criminoso, mas contra o senador por ter se deixado gravar. Isso ficou
claro ao dizer que “o senador é um político experiente, sofisticado, que não
poderia ter se deixado gravar de forma simples como foi feito por Bernardo
Cerveró.”. Essa fala, por explícita, dispensa interpretação.
Já
outro amigo íntimo do Lula, o fazendeiro J.C. Bumlai, preso por integrar a
mesma organização criminosa, era a única pessoa que, quando seu amigo era
presidente, na ante-sala do gabinete presidencial estava afixado o seguinte
cartaz: “O Sr. JOSÉ CARLOS BUMLAI deverá ter prioridade de atendimento na Portaria
Principal do Palácio do Planalto, devendo ser encaminhado ao local de destino,
após prévio contato telefônico, em qualquer tempo e qualquer circunstância.”
Esse acesso, nem ministros tinham. Aliás, nem o Papa. Isso prova o absurdo,
para se dizer o menos, de confundir coisa pública com “cosa nostra”.
O
Brasil vive um quadro político deprimente. Dilma e Lula estão encurralados.
Figuras exponenciais do PT, inclusive o líder do governo no Senado, estão
presas. Dos partidos da base, os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da
Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), e senadores e deputados federais (PTB, PP, PR,
PMDB) são investigados.
A min.
Cármen Lúcia, no voto que manteve Delcídio na prisão, disse: o crime não
vencerá a justiça. Tomara! A parada é dura. Logo, força à Operação Mãos Limpas
Brasileira.
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